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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

I DIÁRIO




Informações Úteis:

Câmbios - Dirham(Marrocos)1 €/10 MAD; Ouguya(Mauritânia)1 €/ 350 MRO; Franco CFA (UEOA) 1€/650 CFA;

Gasóleo - Marrocos - 7,50 MAD; Sahara - 5,33 MAD; Mauritânia - 265,20 MRO; Senegal - CFA 623; Mali - CFA 550; Burkina Faso - CFA 590.



31.07.2010 00,00Kms, Povoa de Varzim, 08h30. Manhã nublada com 20º o que é uma grande descida para as temperaturas que se fizeram sentir na semana que passou.
Está bom para fazer os próximos 230Kms até Ourém onde me vou juntar com o Fred. Transbordo de viatura e rumo a Portalegre apanhar o Diogo seguindo "all the way to" Algeciras onde se vai encontrar toda a "A Tribo" rumo a Ceuta e depois até ao Burkina.
Fiquem todos bens. As nossas expectativas neste raid são óptimas. Esperemos que corra tudo nos conformes. Até já.
Atrasamo-nos um "nadinha" em Ourem e só saimos às 17h pelo que só chegamos a Portalegre as 19. Definitivamente já não jantamos em Algeciras.



01.08.2010 Chegamos a Algeciras pelas 03h e já se encontrava grande parte de "La Tribu". Ainda abrimos a tenda e passamos pelas brasas. Debaixo da placa do porto o calor era mais do que muito.
Com a pontualidade britanica dos ferrys do estreito o das 7h lá partiu às 7h30m e passada uma hora (vendida por 35m) já pisavamos chão africano. Directos à fronteira Espano (Ceuta) - Marroquina onde, para começar bem, nos aguardava o primeiro "filme": o Fred tinha revestido o capot do HDJ com um magnífico mapa de África em vinil. O capot é enorme logo o mapa, com os paises cada um com a sua cor, dava um aspecto colorido ao Toy. Também lá estava assinalada a nossa rota.
Passamos o controle de policia e dirigimo-nos para as demarches da alfandega. Logo se reuniram uns cinco ou seis funcionários de volta do carro a olhar para o mapa. Comentavamos entre nós o facto de todos estarem a admirar tão bela ideia de "design".
Afinal a azafama da admiração era outra. Chamam-nos "à pedra" e dizem que o mapa está mal pintado já que Marrocos e Sahara Ocidental estão de coloração diferente e nele têm inscrito Marrocos e Sahara Ocidental quando são o mesmo país. Bem conhecemos a problemática. Havia que retirar o mapa do carro porque, diziam, mesmo que eles nos deixassem passar com o mapa no capot, iriamos ter problemas em todos os controles e quanto mais para baixo mais exigentes e problemáticos são esses controles. Nada a fazer...
Sinceramente não equacionei a questão mas já conhecia situações similares que se complicaram um pouco. Se queriamos seguir havia que retirar o vinil com aquele magnífico mapa que tão bem embelezava o capot do HDJ. Tentamos retirar apenas parte do mapa mas nada feito. Há que tira-lo todo.


Esta foto foi tirada pelo Miguel numa de "danger is my business", sujeito a passar um (ou dois) mau bocado.
Segue-se uma apurada vistoria ao carro, principalmente aos sacos das t-shirts, não fosse terem publicidade anti - ocupação ou, quiça, um mapa igual. Claro que o nosso principal receio foi "as cervejinhas e os vinhedos on board". Correu tudo bem excepto a decoração do carro.Que desilusão, Marrocos. Não é por aí. Nós vamos mesmo é para o Burkina Faso...
Destino seguinte Casablanca. Já há muito tinhamos decidido não seguir o grupo para Marraquexe. Passeio pela cidade, magnífico almoço no "Luigi", vista de olhos à magnânime mesquita Hassan II construida junto ao Atlântico e siga para Essaouira onde pernoitamos os três no Hotel Dar Narciria, em primeira linha de praia, por € 35,00 a.p.a.



02.08.2010 Após o pequeno almoço fomos dar um passeio a pé por Essaouira que é uma bela cidade. Entramos pela parte turística mas logo nos embrenhamos na cidade autóctone. No mercado do povo. Nas ruas do povo. No comércio do povo.



Por 20 Dh comprei um cartão para o telemóvel com 10 Dh telefonáveis e já se podia receber chamadas por Voip, logo mais baratas e sem roaming (depois, na fronteira mauritana, adquiri um cartão "ONE" da El Jawal/Mauritel Mobiles que, entre outros, funciona em todos os paises que vamos visitar, menos no Senegal. O indicativo e numero mauritano serve para todos os paises. Não esquecer que para isso é necessário trazer um telemovel desbloqueado).
Próximo poiso, Agadir.Quando a estrada se distancia da costa sente-se o calor vindo do Atlas. Muito calor. É a sua época.
O próximo P.E. é numa esplanada à beira mar. Agadir ombreia com qualquer instância balnear mediterrânica. Aqui Marrocos é diferente, é cosmopolita e ocidental. As gentes vestem-se e comportam-se ao estilo ocidental. Não faltam discotecas, bares, esplanadas, hotéis e tudo o que são infra-estruturas turísticas. Entrar em Agadir pela EN é deslumbrante. A paisagem de falésia, mar e praia é magnífica.
Chegamos e quase todo o grupo já estava na esplanada. Todos se queixavam do calor de Marraquexe. Nós, avisados, fomos pela costa. Marraquexe é imperdivel mas não em Agosto. Como abriu a AE de Marraquexe a Agadir foi sensato cancelar o 2.º PE.
O António, (des)organizador do raid, "doutorado em assuntos africanos”, vêm num Peugeot 505.



O Toyota 4Runner do Tomás e da Meca está a aquecer, mas o pessoal destas andanças não desiste. Depois das primeiras opiniões, para já, há que levantar o capot atrás para o ar circular mais. Desistir é que nunca. Depois, com mais calma e num mecânico, logo se vê.



O Glacius fez uma surpresa e lá apareceu "a solo" com um Subaru Forester 4x4 a gasolina e sem visto mauritano. Se não der para passar, vai pelo menos até à fronteira.



O Peugeot 405 quer ir até Cotonou, capital do Benim, com quatro viajantes “inside” - o Joan, o David, o Ivan e a Mónica.



O Pepicant & Son baixam com um Pajero que pretendem vender em Ougadougou e regressam de avião. Se a oferta não for boa, deixa-o lá para outra viagem.



De Alicante, o Vicente e seus dois filhos, David e Óscar, num Toyota LC D4D.



Num Toyota LC, KZJ 90 curto, o casal Antonio e Inma, que só planeam seguir até Layounne.



Pablo, o jovanotti que decidiu vir de mota, roda numa BMW. Grande aventura a que se propõe fazer. Para começar, como viajava de calções ficou com as pernas como um "camarão". 



Para finalizar, a "Luso Team": o Miguel, no seu bem apetrechado Nissan Patrol GR que foi por Faro buscar o Diego (que se intitula galaico-português) que voo até aí vindo de Inglaterra e que será seu companheiro de viagem até Ouagadougou.



e nós, Diogo, Domingos e Fred num Toyota HDJ 80.



Depois de almoçarmos à espanhola (18h) toca a rumar a Tiznit onde vamos dormir.Chegamos pelas 22h e estão 34° - abafador. Corria um vento quente e sufocante. A generalidade do pessoal decidiu ir dormir para o campo. A meio da noite "corria" uma brisa menos quente mas esta cidade é um forno. Melhor seria ter ido dormir a Sidi Ifni, cidade costeira que fica no caminho e a cerca de 70kms.



03.08.2010 Hoje a ideia é sair do asfalto e fazer umas "pistas" - o destino é a "Plage Blanche". Para quem gosta de pistas de pedra solta, siga logo de Tiznit para Sidi Ifni. Quem prefira só areia então vá até Guelmin e de aí até à Praia Branca. Para sair, por ordem crescente de kms/pista de praia temos Nortfia, Tafnidilt, TanTan e El Ouatia. Fomos  por Sidi Ifni para visitar a praia de Lagzira onde as duas primeiras falésias são fendidas por dois enormes túneis antes de terminarem no Atlântico. A paisagem é deslumbrante e única.
 
 
Depois? Depois vamos atravessar os areais da Plage Blanche.
O Pablo da BMW evidencia alguma inexperiência para a empreitada que se propôs fazer. Ao descer para a praia, numa ligeira ramba cimentada com alguma areia, esparrama-se contra a traseira do Toy LC do Antonio, derrapa e cai junto com a mota. Decide deixar a mota à entrada da praia e seguir num dos carros. Comento isto para transmitir a todos os expedicionários que um raid desta envergadura numa mota exige uma experiência de condução e preparação física imensa. É negligente abordar tal empreitada de uma forma ligeira e de passeio. Esta queda foi igualmente uma premonição para algo mais grave que mais tarde veio a suceder.



A pista da Praia Branca é magnífica e parar naquela imensidão, tirar mesa e cadeiras para fora e beber uma cervejinha gelada com as ondas a acariciar os pés…



A saída por Nortfia é a cereja…
Chegamos a Tarfaya e, sem nos apercebermos, estávamos a jantar em frente à sede da "junta de freguesia". O autarca preocupado veio perguntar-nos se estavamos a pensar lá dormir. Logo o descansamos. A ideia é dormirmos na praia uns quilómetros adiante. Esfreava, ventava e o mar estava revolto e barulhento. Camisola, saco cama e toca a dormir...



04.08.2010 Hoje temos uma etapa curta feita pela praia entre Tarfaya e Bojador. Pista óptima e saída ainda melhor.



Na pista de ligação ao asfalto fomos “brincar” nas dunas e o Subaru atascou. Tiramos a manilha e a cinta e entregamo-la ao Glacius para ele a amarrar ao carro e o rebocarmos do apuro. Logo se ajoelhou, coloca a manilha na argola do carro, aparafusa-a e vira-se para trás exibindo a ponta da cinta, tipo, "o que é que faço com isto?" Maçariquice máxima, mas gente boa. Ninguém nasce ensinado e em outras situações também por certo fizemos rir os então mais experientes. Ser nabiça é fixe. Depois nabo "and so on" mas sempre "quanto mais sei, sei que nada sei".
Almoçamos uma pescaria no “Restaurante Josefina”, propriedade de uma espanhola e que fica em El Marsa, o porto de Laayoune. Recomenda-se.
Em Bojador ficamos no Hotel El Taiba situado no centro da vila. Um passeio pela urbe e vamos para o hotel que temos wi-fi. Tanta gente pendurada que nem acreditava que aquilo funcionasse. Muito suferivel e bom preço: € 15 o individual e € 25 o duplo mas sem p.a.
A má notícia do dia foi que o Pablo da mota BMW caiu tentando subir uma duna, fracturou uma perna e tem que ser repatriado para Espanha. Comprovou-se o nosso receio: a sua inexperiência e impreparação para uma aventura tão exigente. Foi triste. Desejamos-te rápida recuperação.

05.08.2010 O dia acordou com neblina. Esta jornada termina no Hotel Barbas, agora promovido a Complexo Barbas após grandes obras de ampliação. Pelo caminho almoçaremos na ponta da bela península de Dakhla que quase toca o Tópico de Câncer.
Não equacionei que a azáfama de camiões cisternas que cruzam como moscas aquelas estradas transportavam sardinhas. Fiquei a sabê-lo de duas maneiras quase seguidas e muito desagradáveis para terceiros. Numa ravina a seguir a uma curva estava um que se tinha despistado, rebentou com os rails e estatelou-se literalmente no solo uns dez metros abaixo espalhando a sua odorífica carga por muitos metros quadrados. Escusado será dizer que, das sardinhas, não se salvou uma. Quanto ao condutor e eventual pendura também por certo não ficaram muito bem. A seguinte, foi com o António Ortega que, quando seguia em plano turista, com o vidro aberto e braço de fora, levou com um jacto de “molho de sardinha” vindo de um desses camiões sardinheiros. António és uma maravilha de pessoa mas tão cedo não te quero por perto do meu olfacto. Sorry my friend. Mudando a roupa e um banho de corpo e alma isso passa. Sim, esse cheiro afecta até a alma.
O Miguel faz geocaching e nós com ele. Sempre juntos. Lá fomos ao meio do areal rochoso procurar o tesourinho. Eureka, encontramos. Recolhe-se a prendinha colocada pelo anterior aficcionado e deixa-se outra para o próximo. Habitualmente também contêm um "diário de caixa" para deixar uns bitaites.



A península de Dakhla têm 40 kms e está repleta de encantadoras baias e reentrâncias onde se pratica principalmente o kite surf. Fomos visitar uma dessas "mecas" e ficamos maravilhados. Um complexo light - restaurante “self service & open space” e bungalows - implantado em escada num promontório virado para uma baia natural (N21°21.741’/W16°57.637’). Um lugar na terra próximo do paraíso onde, por certo, uma estada de uns três/quatro dias engrandece mente e corpo. Nós ainda temos muito para andar por isso, visita relâmpago e siga para Dakhla city …
Almoçamos no Hotel Samarcanda. Terminado o almoço prosseguimos para sul...



Logo paramos em Porto Rico - uma das muitas e bonitas praias escarpadas da costa atlântica sarauí “equipada” com umas haimas para alojamento.
Alojamo-nos no Complexo Barbas – duplo € 30 e single € 20 a.p.a. Frango frito e Coca-Cola € 4,5. Amanhã temos a fronteira marroco - mauritana para "deglutir". Há que dormir bem e acordar bem disposto. O vento do deserto não facilitou a coisa e a manhã estava "boliçosa".

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